Na China, cientistas da Universidade Tsinghua estão desenvolvendo o primeiro “hospital de IA” do mundo, com a missão de facilitar os atendimentos médicos e o treinamento de novos profissionais de saúde no futuro. Durante a primeira etapa de implementação, apenas médicos, enfermeiros e pacientes virtuais (bots de IA) terão acesso ao ambiente virtual, que é construído a partir da inteligência artificial generativa. A expectativa dos desenvolvedores é que, no futuro, médicos-robôs guiados por IA possam atender até 3 mil pacientes por dia. No entanto, muitos desafios ainda precisam ser superados, como a responsabilidade legal em caso de erro e o que fazer em caso de alucinação de IA.

A base para o experimento do hospital de IA na China é um projeto desenvolvido anteriormente por pesquisadores da Universidade Stanford, nos EUA. Eles criaram uma “cidade de IA”, uma simulação completamente autônoma inspirada no popular game The Sims. Na cidade virtual, chamada de Smallville, 25 bots (ou “pessoas”), programados com o modelo de linguagem GPT-3.5 da OpenAI, viviam suas vidas e se desenvolviam, demonstrando capacidade de memória e planejamento.

Embora o projeto de Stanford tenha rendido análises “antropológicas” interessantes, o objetivo principal era criar uma IA capaz de produzir comportamentos semelhantes aos humanos. Os autores detalharam o projeto em um preprint — estudo científico sem revisão por pares — publicado na plataforma arXiv. A equipe de pesquisa chinesa busca criar um experimento similar, mas totalmente focado na saúde e na rotina de um hospital.

Por trás do hospital guiado por IA está Liu Yang, reitor do Institute for AI Industry Research (AIR) e membro do Departamento de Ciência da Computação e Tecnologia da Universidade Tsinghua. Em entrevista ao Global Times, Yang explicou que, na simulação chamada de Agent Hospital, pacientes virtuais serão atendidos por médicos e enfermeiros virtuais — todos bots. A ideia é que esse ambiente simulado permita desenvolver a IA generativa para, eventualmente, ajudar pessoas reais em busca de tratamento médico.

O hospital contará com 15 médicos e quatro enfermeiros virtuais, responsáveis por diagnosticar doenças, desenvolver estratégias de tratamento e planejar o suporte diário às atividades do hospital. A previsão é que o hospital abra suas portas no segundo semestre deste ano.

Além de servir como um ambiente de testes, a simulação poderá ser usada para o treinamento de novos médicos. Ao simular uma infinidade de sintomas e doenças, os futuros profissionais terão uma oportunidade única de aprimorar suas habilidades sem colocar vidas reais em risco.

Em um cenário onde os pacientes do hospital de IA são reais e os médicos virtuais, será possível acelerar os processos de triagem durante uma teleconsulta, por exemplo. Com a priorização dos atendimentos mais urgentes, há potencial para salvar vidas. No futuro, bots com IA generativa poderão até diagnosticar doenças.

Embora a ideia de um hospital guiado por IA na China pareça ficção científica, o projeto de pesquisa está muito próximo da realidade. Atualmente, remédios desenvolvidos com IA já estão em fase de testes clínicos, ou seja, sendo testados em humanos, o que demonstra apenas uma das muitas revoluções possíveis na área da saúde com as novas tecnologias.

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